domingo, 30 de outubro de 2011

Internet e Democracia: Indivíduo, Tecnologia e Poder



Artigo produzido no primeiro semestre de atividades de 2011, que trata de questões como realidade, subjetividade, construção de inteligência coletiva, democracia e exercício da cidadania, à luz do filósofo francês Pierre Lévy, subjugadas à nova realidade que se constrói/estabelece através dos avanços tecnológicos de informação e comunicação. Segue o resumo e link para download do artigo.



Resumo 

As novas tecnologias da informação, em especial a internet, trazem consigo uma questão inerente ao poder e a constituição do indivíduo enquanto ser: em que nível o homem é atingido pela inteligência coletiva e até que ponto esta interferência lhe permite a atuação, enquanto cidadão, em uma esfera de participação democrática? O presente artigo visa tratar do tema tanto em um âmbito de relação entre o cidadão e o governo, quanto entre o homem e o poder, supostamente descentralizado, defendido por Pierre Lévy.  



Clique aqui para fazer o download do artigo completo em PDF.

Relatório do “Café Filosófico”



O evento intitulado “Café Filosófico” consistiu em trabalho conjunto dos bolsistas do PIBID – Filosofia da UFRRJ que acompanharam as atividades do CIEP Antelo Romar, em Seropédica, durante o primeiro semestre de 2011, tendo ainda a colaboração da professora e supervisora responsável Rosimar. A culminância do “Café Filosófico” foi no dia 22/06/2011, tendo seu início às 08h45min, sendo seu tema principal o “Amor” e suas implicações.


Proposto pela professora e supervisora Rosimar, o tema “Amor” se fez pertinente dadas as vivências cotidianas dos alunos, que, através das relações pessoais, da música, e demais mídias, o “Amor” e suas nuances podem ser ditas de diversas formas. Neste caso, como é um tema presente no dia a dia dos alunos, nós junto a professora Rosimar, entendemos que propor uma discussão acerca do “Amor”, estimulando a participação dos alunos, seria de grande importância A abertura do evento contou com a apresentação do coordenador Pedro Hussak, que foi responsável por apresentar os objetivos gerais do PIBID, para em seguida ouvirmos um parecer da diretora do CIEP, para que começassem as apresentações.

A primeira bolsista a se apresentar foi Paula Bruce, cabendo-lhe expor a tradição mítica na Antiguidade e de como esta era relacionada com o amor, a paixão e os desejos a partir do deus Eros.

(apresentação musical de aluna do CIEP)

Em seguida o bolsista Davi expos a corrente filosófica dos estóicos e como os desejos eram tratados no estoicismo.

(apresentação teatral dos alunos tratando das paixões cotidianas)

Após a apresentação dos alunos, foi a vez do bolsista Vinícius apresentar o seu tema, que fora intitulado “Amor tirânico”. Para tanto, Vinícius fez uma apresentação geral situando o tema. Primeiramente foi apresentado quem fora Platão, para em seguida explicar em que contexto é tratado o amor na sua obra “O Banquete”. Devidamente introduzidos no assunto, foram abordados temas como ciúme, sentimento de possa em relação a um par, em contraponto com um amor em vista de um bem supremo, caracterizado como amor divino, bem como é tratado na Antiguidade.

(coro musical dos alunos; peça ensaiada pelos alunos: “Os 3 nomes do amor: Eros, Filia e Ágape”. Com a colaboração de Guido)

*********************************Intervalo*************************************

Retornando do intervalo, foi a vez dos bolsistas Mario Fellipe e Thiago Barros tratarem de outro tipo de amor, um amor racionalizado. Pensando nas mediações que podem ter as relações amorosas, foi abordado por estes o “Amor racional”, pensando nas medidas de manutenção deste sentimento como um cálculo racional. Propondo uma discussão do tema, trouxeram a idéia de harmonia entre dois indivíduos como um amor romantizado, contraponto com a tese de que romantismo é um sentimento particular exageradamente
idealizado.

(apresentação musical dos alunos)

O evento ainda contou com a participação do Prof. Dr. Admar Costa, da UFRRJ, a convite dos bolsistas. O professor apresentou o amor como surgiu na Antiguidade, com ênfase na questão pública, uma vez que todos estão inseridos num mesmo espaço, formando necessariamente uma rede de relações. Dito isto, foram apresentadas três maneiras de influenciar as relações: pela força do mais forte (violência); pela mediação das relações através do amor (relação familiar; amigos; amado e amante); e pelo convencimento/persuasão.

Em Platão, Eros é pensado, sobretudo, na relação amante e amado, estando relacionado com nossos desejos. Somos determinados por aquilo que desejamos, e desejos remetem a falta de algo. É bem lembrada a importância que Platão deu a cultura e em como esta direciona o desejo. Sendo assim, o objetivo de Platão é: que busquemos o conhecimento de nós mesmos para saber os objetos de desejo e suas motivações. Para tanto, caberia a educação filosófica para se educar os desejos, contribuindo para um conhecimento de si que
nos faça saber o que desejar, ou melhor, o que deve ser mais desejável.

Desta forma, Eros nos é apresentado como um problema filosófico, mas sem excluir as outras relações de amor, mas tiramos da apresentação o grande objetivo do filósofo grego: devemos desejar o que realmente se necessita.

Por último, mas não menos importante, foi lembrado pela bolsista Patrícia Boeira, que o amor é tratado também em outras formas literárias, como a poesia, e apresentou o tema “Amor e poesia” a partir da poetisa grega Safo de Lesbos. Sua apresentação trouxe o contexto histórico da poetisa e ainda contou com a leitura da poesia de Safo “A uma mulher amada”.

(apresentação musical; leitura por uma aluna de texto próprio sobre amizade)

Finalizando o dia de apresentações, a professora Rosimar fez considerações finais e os agradecimentos, que nós, os bolsistas, reiteramos. Agradecimentos: coordenadores Pedro e Nelma, ao professor Admar e a CAPES.




Envio: Patrícia Boeira de Souza, texto: Renato Braga Campello, bolsistas do PIBID - Filosofia da UFRRJ.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011



As revoluções industriais conduziram às revoluções científicas e tecnológicas que consequentemente levaram ao processo de desenvolvimento e transformação dos meios de comunicação para congelantemente da sociedade. Esses processos tecnológicos modificaram nosso modo de percepção do mundo devido a sua dinamicidade, expressividade, cooperativismo e resultaram em intensas mudanças culturais, que estabelecemos de cibercultura.

A Cibercultura deriva da cultura de mídias, que evidencia o consumo individual, com novos produtos personalizados e implica na aplicação no cotidiano das novas tecnologias digitais da comunicação, em dispositivos como o caixa eletrônico dos bancos, o telefone celular, computadores. Este conceito é definido por Lemos¹ como “associação da cultura contemporânea às tecnologias digitais, aliando a técnica à vida social, isto é, é a forma simbiótica entre a sociedade, a cultura e novas tecnologias”. Percebemos pelas definições que ela tem como essencial a comunicação em rede, isto é, trocas de informações e conhecimentos para todos nas mais diversas áreas, inclusive na arte, que é designada de ciberarte.
Essa união entre cibercultura e arte é muito bem explicada por Maurício Liesen:
“A ciberarte é, pois, uma arte da comunicação, um evento dialógico que acontece apenas com a participação do espectador (...). O espectador perde sua passividade. Nesse momento, o autor cede espaço a vários co-autores que desencadeiam outras possibilidades de direções durante a experiência. E todas essas informações podem ser manipuladas ou acessadas, existindo potencialmente em um mundo virtual. Ela uma arte que humaniza as tecnologias e nos convida a fazer parte de sua própria criação.”

A citação nos atenta que a ciberarte nos possibilita o imaginário da Cibercultura, pois as inovações tecnológicas trouxeram uma nova maneira dos artistas desenvolverem suas habilidades estéticas e técnicas, que resultou na dissolução das concepções tradicionais da arte, já que podem mudar sua arte com mais facilidade pelas funções existentes (copiar, colar, etc.), ou seja, tem o poder de criação (potencializar a estética), emissão, transformação da informação e uma maneira de trocarem experiências com outros artistas ou mesmo pessoas comuns. Nesse contexto, segundo Rozane Suzart Gesteira², “as manifestações artísticas também se direcionam para uma nova concepção estética, formal, ideológica e prática”.
Alguns autores como Gilberto Prado acreditam que “a criação em rede é um lugar de experimentação, um espaço de intenções, parte sensível de um novo dispositivo tanto na sua elaboração e na sua realização como na sua percepção pelo outro”. Pièrre Levy entende “a arte está na confluência das três grandes correntes de virtualização e de hominização que são as linguagens, as técnicas e as éticas. Para Dyens “é uma arte na quais verdades, realidades e sensibilidades se desvelam, mas sempre diferentes, sempre discretas, e principalmente, sempre latentes”. Nessas frases citadas vemos que todos os autores acreditam que a ligação entre arte e cibercultura se coloca de diferente caráter ao fazer e sentir a arte, além disso, se orientam para o coletivo, pois o artista não é mais o único autor de sua obra, visto que depois de colocado na rede é uma mutualidade entre o autor e quem se intera. Como observa Levy “quanto ao novo universal, realiza-se na dinâmica de interconexão da hipermídia online (...) Em suma, a universalidade vem do fato de que  banhamos todos no mesmo rio de informação (...)”
Hoje temos um grande aparato de ciberarte como os vídeos-arte, a tecno-body-art, o multimídia, a robótica e esculturas, a arte halográfica e informática, a realidade virtual, a dança, o teatro e a música tecno-eletrônica. Esses exemplos mostram que as ciberartes manifestam o mundo em forma de cópia, pois não precisamos, por exemplo, ter que irmos ao museu para que possamos ver alguma obra de arte.
Como vimos essa reciprocidade entre arte e cibercultura tem como características a interação (autores/expectadores), fragmentação, rapidez de alterar as informações, a figura imaginária, que são requisitos os necessários que os artistas inovem suas estéticas e permutem experiências com mais facilidade, por isso podemos atentar que a ciberarte está inclinada a progredir muito, já que além desses requisitos as Terminamos com a frase de Liesen: “A ciberarte, pois, constitui-se como um elemento-chave para a compreensão da sociedade no inicio do século XXI, situada na pré-história da vida digital. É uma arte que humaniza as tecnologias e nos convida a fazer parte de sua própria criação”. Ou seja, a arte nas suas expressões consegue manifestar as novas tecnologias e suas influências no meio cultural e social.
___________________
¹ANDRÉ L.M. Lemos é doutor em sociologia pela Sorbonne, professor e pesquisador do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Faculdade de Comunicação (FACOM), UFBA/CNPq.
²ROZANE Suzart Gesteira é mestre em Educação.
tecnologias estão avançando cada dia mais.


Referências Bibliográficas

BEZERRA, Jorge. Cibercultura e arte “in vitro”. 2007.
GESTEIRA, Rozane. A arte da Cibercultura mediando os processos educativos no ensino Fundamental. 2008.
LEMOS, André. A arte eletrônica e cibercultura. 2007.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo. Editora 34, 1999.
LIESEN, Maurício. Navegando na ciberarte: notas sobre arte e imaginário na contemporaneidade. In: CAOS – Revista eletrônica de ciências sociais. Número 8 – Março de 2005. p. 71-94.

Camila Pereira, graduanda do curso de Filosofia na UFRRJ, bolsista do PIBID.



quinta-feira, 5 de maio de 2011

Escolha do livro didático (PNLD 2012)

Considerações acerca da escolha do livro didático (PNLD 2012)


O Plano nacional do livro didático nos fornece pela primeira vez (PNLD 2012) o guia para filosofia. O grupo de bolsistas – na qual faço parte - que está atuando no colégio CTUR recebeu o encargo de auxiliar a coordenadora do PIBID-Filosofia no colégio, prof. Adriana, na escolha do livro. Além disso, foi sugerido que fizéssemos resenhas dos livros a serem avaliados. Mas antes de qualquer coisa é preciso que sejam feitas algumas considerações.
Precisamos abandonar alguns preconceitos acerca do ensino de filosofia. Pois qualquer livro didático a ser escolhido deve evitá-los.
[1] Devemos deixar de lado a ideia de que a filosofia é abstrata e difícil, e por isso é mais viável que, no ensino médio, sejam feitas discussões genéricas sobre seus temas. Ora, essa visão subestima os alunos, e deixa de fora um conteúdo que eles não podem deixar de ter conhecimento. Eu, como aluno de filosofia, talvez jamais faça uso do que aprendi sobre biologia na escola – o que acho difícil –, mas se essa matéria não me fosse oferecida estariam me privando de conhecer essa disciplina, de me profissionalizar nessa área e até mesmo gostar e ter o simples prazer de estudá-la.
[2] Outro ponto a ser criticado é de que a filosofia forma cidadãos. O papel de formar cidadãos deve ser atribuído a educação e não a filosofia. A filosofia tem antes o papel de estimulo a reflexão, e pelo menos em sala de aula, a base dessa reflexão deve ser as diversas visões de mundo dos principais autores. Discussões genéricas e referentes ao cotidiano são importantes, mas devem ficar em segundo plano. Todas as disciplinas tem o papel de formar cidadãos, e portanto esse papel para filosofia é apenas parcial.
[3] Devemos abandonar o preconceito de que a filosofia não pode ser considerada um conhecimento especifico, e que qualquer discussão e pensamento já é filosófico. Bom, esse terceiro, acredito ser uma marca deixada pelo segundo, e pela baixa incidência de professores formados na disciplina lecionando. Como vinha dizendo, o principal conteúdo a ser aplicado são as ideias dos principais autores. É claro que é importante ter um propósito, mas é preciso tomar cuidado para que isso não descambe para algo puramente ideológico.
O PNLD 2012 toma como critério de base a história da filosofia, critério esse que distorce a proposta da disciplina, além de possuir um formato que não é viável para se trabalhar no ensino médio. Situar o aluno historicamente é importante, mas deve ficar em segundo plano. O que é importante, e mais viável, é que haja uma discussão dentro dos principais temas da filosofia, e que os alunos fiquem cientes das posições dos principais autores dentro desses temas. Livros de história da filosofia são mais interessantes como um adicional para pesquisas, e devem ficar na biblioteca.
Para tornar claro o perfil de material que acho mais interessante, e servir de critério para avaliação do livro, desenvolvi algumas questões:
  • O livro trata de forma simples e compreensível os temas filosóficos deixando clara a complexidade dos mesmos?
  • Expõe não só as ideias dos principais autores, mas também os motivos para que defendam tais ideias?
  • Expõe trechos das obras desses autores, fazendo os devidos esclarecimentos?
  • O livro consegue transmitir a importância da disciplina?
  • O vocabulário utilizado é acessível aos alunos?
  • O autor procura ser didático, mas sem subestimar os alunos?
  • O autor procura sempre que possível e viável trabalhar de forma argumentativa?

Essas questões são muito importantes para o que venho defendendo, mas também vale ressaltar, que o professor deve antes se questionar sobre a forma com que ele vai utilizar esse material. O perfil do livro também dependerá de como o professor faz uso dele, se o professor auxilia pouco ou muito nessa leitura, se as leituras são feitas em casa ou em sala de aula e etc. A escolha de um bom livro é muito importante para a valorização do ensino de filosofia.

OBS. Todas as questões aqui levantadas fazem parte de um ponto de vista particular, e portanto estão sujeitas a crítica.


(Postado por Erick Costa)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Músicas

Iremos abordar músicas que tratam do tema política.

Música: Polícia
Artista: Titãs

“Dizem que ela existe para te ajudar, dizem que ela existe para proteger”.
Esse é apenas um dos versos da música que critica ferozmente a ação policial. Ao invés de ajudar e proteger, a corporação atua com repressão sobre a sociedade. A população reprimida fica dominada pelo medo e é isso que mantém as pessoas controladas e atadas. O medo da repressão faz com que os indivíduos continuem em inércia, auxiliando na manutenção do poder nas mãos da elite.


Música: Estado Violência
Artista: Titãs

A letra dessa canção revela a relação entre o sujeito e o Estado. Relata o sentimento de um indivíduo que acredita que o Estado é autoritário e violento. Além disso, este se mostra totalmente indiferente a sua vontade.


Música: Inútil
Artista: Ultraje a Rigor

Essa letra contém propositalmente erros de concordância, justamente para fortalecer o protesto do autor. Este afirma que “não sabemos escolher presidente” e não temos consciência sobre nossas ações. Também mostra que quando tentamos fazer algo relevante, esbarramos na dificuldade muitas vezes colocada pelo Estado: “a gente faz música e não consegue gravar, a gente escreve livro e não consegue publicar, a gente escreve peça e não consegue encenar ”.


Música: Até quando
Artista: Gabriel Pensador

Essa letra demonstra a nossa capacidade de continuarmos parados, mudos, diante dos problemas. Trata basicamente da alienação e repressão do Estado sobre o indivíduo. Reclamamos, esperando um milagre para nos tirar dessa situação: “não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta, levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve você pode e você deve, pode crer”. A única solução para acabar com isso é a população acordar e lutar pelos seus direitos.


Música: Até quando esperar
Artista: Plebe e Rude

Nessa música, que é um clássico dos anos 80, a banda explora um assunto bem recorrente quando tratamos das mazelas do país: a distribuição de renda. O objetivo seria nos alertar sobre o assunto. ”com tanta riqueza por aí, onde é que está, cadê sua fração”. E como nos outros casos, a letra também aborda o tema da submissão do sujeito pelo Estado e a falta de mobilização social: ”até quando esperar a plebe ajoelhar esperando a ajuda de Deus”.


(Postado por Camila Oliveira)

quarta-feira, 9 de março de 2011

Assim Falava Zaratustra (HQ)


Quem conhece o trabalho de Alan Moore e David Lloyd (criadores da graphic novel "V For Vendetta") sabe que filosofia e histórias em quadrinhos podem ter uma boa relação. Por se tratar de uma ótima forma de atrair jovens leitores "Assim falava Zaratustra: dos céus aos quadrinhos" em HQ, um belo trabalho da ilustradora paulistana Thaís dos anjos, pode despertar a curiosidade sobre a obra original.

Segue abaixo um texto de Edson Aran (escritor, jornalista e cartunista) que ilustra, de acordo com suas perspectivas, maiores detalhes sobre a obra:








Nietzsche Por Thaís

Para fazer alguma coisa acontecer no Brasil, tem de ser pretencioso. Autores de quadrinhos, então, precisam de dose extra de pretensão. Aqui os quadrinhos ainda são vistos com descaso pela maior parte da intelectualidade. Bobagem, claro.

A literatura com imagens é um excelente instrumento para discutir idéias, como provam Alam Moore e Grant Morrison, para citar apenas dois dos maiores criadores da atualidade. Além disso, também podem servir como material didático e pesquisa.Não por acaso, Will Eisner, o criador do Spirit, dedicou a maior parte do seu tempo aos quadrinhos educacionais.

Com esta adaptação de "Assim falava Zaratustra", Thaís dos Anjos conseguiu as duas coisas: foi pretensiosa e, ao mesmo tempo, muito educativa. A pretensão já nasce do roteirista escolhido por ela, nada menos que o controverso filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), o niilista que combateu os "deuses escravos" e preconizou a aurora do super-homem (olha os quadrinhos ai de novo...). Os quarinhos da Thaís traduzem de maneira objetiva, prática, bela e didática o livro que é o pilar do pensamento de Nietzsche, "Assim falava Zaratustra". Uma empreitada difícil, já que a linguagem do filósofo flerta com a poesia e o simbolismo o tempo inteiro. Mas Thaís conseguiu. O pensamento nietzscheano vem completo e poético num álbum de estréia surpreendente. A moça vai longe, pode ter certeza disso.


A revista foi publicada pela Devir e está a venda na Livraria da Travessa, dentre outras.

(Postado por Miécimo Ribeiro)


terça-feira, 8 de março de 2011

O Virtual, o Real e as Novas formas de Transferência de Informação

      O filósofo francês Pierre Lévy, estudioso dos efeitos da tecnologia na sociedade contemporânea, esboça no seu livro “O que é virtual?” o impacto da tecnologia sobre as relações humanas, econômicas, sociais e, principalmente, sobre o que é real ou virtual.
     O que seria, então, o real e o virtual? Seriam questões completamente indefinidas e cercadas de diferenças ou somente formas paralelas de encarar a realidade?
     Vamos para a educação à distância (ADD) por exemplo. Pierre Lévy demonstra em seu artigo “Educação e Cybercultura” como se é tratada essa nova forma de ensino: dada não num espaço físico, mas no “cyberspace” e da forma que o interlocutor a achar mais viável.
     Na verdade não é diferenciar as maneiras de percepção do real/virtual, mas sim saber que há o concreto nos dois e que é feito do ciberespaço a realidade como conhecemos. 
 
     Voltando à questão da educação à distância é pertinente analisarmos as mudanças sociais que essa trouxe. Ainda no artigo “Educação e Cybercultura”, Pierre Lévy esboça as formas mais comuns das “AAD”: o trabalho com “a hipermídia, as redes interativas de comunicação e todas as tecnologias intelectuais da cybercultura”, isso quer dizer, as formas mais tradicionais de ensino dando lugar a novas práticas indiretas de educação.
     Notório é também a forma das mudanças que é exposto o mundo profissional, especialmente nessa área. Pierre Lévy fala sobre a mudança da forma tradicional de aulas, com o docente presente, tratando com o aluno de forma direta e esse dando lugar a um “animador de inteligência coletiva de seus grupos de alunos”, isto é, alguém que não compartilha a informação de forma direta, mas sim um sujeito mais dinâmico, uma subjetivação do próprio “cyberspace”.
     Temos aí, então, uma forma vulnerável de encararmos o que é real ou virtual. Seria (ou não) o sujeito dinâmico e não direto aquilo que é real, mesmo no “mundo virtual”?
     De acordo com o livro “O que é virtual?”, seria somente a “reconfiguração das civilizações”, ou seja, a virtualização que causa o impacto à partir de tecnologias de comunicação.
     Sobre a economia, pode-se notar a mudança das relações comerciais: são reais, mesmo tratadas de forma virtual, e completamente diferentes dos padrões de compra e venda.
     “A virtualização afeta o cognitivo das pessoas”. Lévy expõe a forma como nossas inteligências foram afetadas com a virtualização.
     O virtual não é somente aquilo que temos apresentado em um senso comum, mas sim as formas mais simples de comunicação, como a oralidade e o acréscimo da escrita. O alfabeto, a imprensa e, finalmente, a internet. Novas tecnologias que forneceram à sociedade mais dinamicidade.
     Depois de novas mídias e globalização, Lévy fala sobre a “Inteligência Coletiva” que gera tamanha transação de informações como nunca antes partilhada. A “World Wide Web” (ou “WWW”) vem para corroborar esse novo movimento de inteligência coletiva que se tornou constante e ordinário no nosso dia-a-dia.
     A internet se tornou ferramenta simples e funcional do nosso dia-a-dia. Não usamos o cyberspace, mas sim vivemos nele. Soa drástico, mas é preciso refletir: há quanto tempo não se usa o bom e velho caderno de notas para poder trabalhar ou estudar? Todos querem rapidez e força dinâmicas, como internet, celulares, e-books, educação à distância, compras e vendas em segundos, leilões virtuais, compra de passagens aéreas, check-in, ir ao banco online, microblogs (aonde você se expressa em, no máximo, 140 caracteres!) e, os tão conhecidos, sites de relacionamentos.
     Não é a questão de ser real ou virtual, Pierre Lévy demonstra em seu livro somente que os dois são questões convergentes, em que um oferece espaço ao outro, de forma mais que transitável. 

Por Paula de Azevedo Bruce, aluna de Filosofia da UFRRJ

A Vida Examinada - O que é Filosofia?


Este vídeo é bastante interessante como introdução a filosofia. O programa, que traz o mito da caverna como eixo de discussão, trata de conceitos clássicos da filosofia. A única critica, de um fator que perceberão ao ver o filme, é que em alguns trechos ao invés de passar uma imagem histórica - mais adequada a situação - tentam passar uma imagem de tolerância racial e cultural. Isso é apenas um detalhe, para o que proponho acho muito interessante. 


Tamanho: 250 MB
Duração: 28 minutos



 (Postado por Erick Costa) 

domingo, 6 de março de 2011

Homens das Cavernas


Platão expõe o mito da caverna para ilustrar aspectos bem específicos. Mas nós como professores – no nosso caso futuros professores – podemos, como fez Mauricio de Sousa, nos deixar levar por novas interpretações. Após deixarmos bem claro o que Platão tinha em vista com o mito, podemos utilizar o tema para discutir aspectos políticos, éticos e comportamentais de nossa sociedade.

Ai está o link para Download dos Quadrinhos - As Sombras da vida de Mauricio de Sousa.
Abaixo duas músicas que poderão ajudar a trabalhar o tema.



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Crônica

Engenheiros do Hawaii

Composição: Gessinger

já não passa nenhum carro por aqui
já não passa nenhum filme na tv
você enrola outro cigarro por aí
e não dá bola pro que vai acontecer

mais um pouco e mais um século termina
mais um louco pede troco na esquina
tudo isso já faz parte da rotina
e a rotina já faz parte de você

você que tem idéias tão modernas
é o mesmo homem que vivia nas cavernas

todo mundo já tomou a coca-cola
a coca-cola já tomou conta da china
todo cara luta por uma menina
e a palestina luta pra sobreviver

a cidade, cada vez mais violenta
(tipo chicago nos anos quarenta)
e você, cada vez mais violento
no seu apartamento ninguém fala com você

você que tem idéias tão modernas
é o mesmo homem que vivia nas cavernas
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Cabeça Dinossauro

Titãs

Composição: Branco Mello / Arnaldo Antunes / Paulo Miklos

Cabeça dinossauro
Cabeça dinossauro
Cabeça cabeça
Cabeça dinossauro
Pança de mamute
Pança de mamute
Pança pança
Pança de mamute
Espírito de porco
Espírito de porco
Espírito de porco

(Postado por Erick Costa)

sexta-feira, 4 de março de 2011

CIberespaço e Informação



            A cada dia que passa presenciamos o duelo titânico pela audiência, seja no meio televisivo, ou nas rádios, por exemplo. Mas em que o povo é beneficiado se A ou B forem líderes de audiência? No que entendo, em nada; porque apenas estas emissoras de informação são favorecidas com seus faturamentos pelos seus respectivos ibopes.
            Mas como dar o valor de verdade ao discurso desses emissores de informação? Como acreditar piamente no que eles emitem?
            Pierre Lévy questiona a estrutura de transmissão da informação. Diz que: “... no entanto é a própria estrutura midiática – um grupo central de emissores e um público de receptores passivos e dispersos – que deveria ser colocada em questão no ciberespaço. Se cada pessoa pode emitir mensagens para várias outras, participar de fóruns de debates entre especialistas e filtrar o dilúvio informacional de acordo com seus próprios critérios (o que começa a tornar-se tecnicamente possível), seria ainda necessário, para se manter atualizado, recorrer a esses especialistas da redução ao menor denominador comum que são os jornalistas clássicos?”.
            A questão é, será que somente as emissoras de comunicação oficial possuem a capacidade de emitir informações com credibilidade? Lévy argumenta que o ciberespaço vem para acabar com isso através do twiter, facebook, fóruns de debates etc. Temos uma imensidão de possibilidades de questionar o valor de verdade daquela informação dada pelo emissor da informação. Até por que no ciberespaço todos têm a capacidade de emitir informação e essas informações têm um valor igualitário. Não existe um que detêm o discurso de verdade ou da verdade. Esta forma igualitária que faz do ciberespaço uma ferramenta para pressionar as instituições físicas por um serviço mal prestado ou até uma informação dada erradamente. Neste sentido o ciberespaço é de grande valia para uma sociedade que a cada momento está mais informatizada e busca ferramentas para ter seus direitos cada vez mais assegurados e visando o bem-estar social.  E como o ciberespaço é um espaço de expressão democrático, ele incomoda a muitos interesses particulares. Não há uma força totalizadora que venha suplantar as opiniões, debates, etc.
             Sendo assim, a capacidade de discutir, convergir às multiplicidades de opiniões faz do ciberespaço um espaço de transformações. Se soubermos nos mobilizar através do ciberespaço a favor dos indivíduos e dos interesses sociais com certeza haverá bons resultados.

Por Davi Teixeira, graduando em Filosofia pela UFRRJ, componente do grupo PIBID.

terça-feira, 1 de março de 2011

Introdução à Política de Aristóteles

Aristóteles deu início a criação de suas teorias políticas a partir do momento que tornou-se receptor de Alexandre ‘’O Grande’’. Segundo o criador, todas as outras ciências estão subordinadas a política dentro de uma cidade, já que em sua opinião esta é a mais suprema. Considerado o primeiro grande mentor de coisas públicas, dizia também que não muito adiantava o estudo da política para aqueles que dispunham de pouca experiência, como os jovens, por exemplo, e assim tornavam esse estudo supérfluo. Considerava como tarefa da política encontrar a melhor forma de governo, instituições, modelos a fim de propiciar a felicidade coletiva. O mesmo acreditava que o Estado era constituído tal qual a uma associação, já que todo e qualquer tipo de associação têm como finalidade um bem. Com isso dizia ser impossível conceber um individuo sem o Estado. Constatando assim que o homem é um animal político, logo, tem necessidade natural de conviver em sociedade. Subentende-se que a comunidade política se dá naturalmente, segundo a própria tendência que os seres humanos têm de se agruparem. Para o autor, das aldeias formam-se cidades e daí por diante com exclusiva finalidade que é a virtude para o bem comum. Aristóteles aceitava a escravidão, considerando- a desejável se estes o fossem por natureza. Então a satisfação de todas as necessidades é proveniente do Estado, já que o homem naturalmente animal e socialmente político não alcança a perfeição sem a sociedade deste. Tornando a coletividade superior ao indivíduo e concluindo que o bem comum é superior ao bem particular.



Tayane Barcelos

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Nos tempos atuais, o contato com a tecnologia tem sido observado cada vez mais cedo entre os indivíduos da sociedade. Onde antes haviam crianças brincando com carrinhos ou fazendo perguntas a pessoas mais velhas, temos crianças jogando videogames e fazendo pesquisas em computadores. A necessidade de contato físico faz-se cada vez menos utilizada em certos procedimentos, uma vez que alguns "cliques" podem, facilmente, evitar uma longa viagem ou uma simples caminhada até uma agência bancaria ou até mesmo a um cinema.

            Essa facilidade de acesso na qual desfrutamos hoje é responsável pelo que pode ser chamada de "evolução precoce" dos indivíduos. Ora, uma biblioteca com milhares de obras pode ser encontrada em qualquer casa que possua um computador e um usuário qualificado, usuário esse que tem se tornado cada vez mais jovem com o passar do tempo. A expressão "essa criança nasceu mexendo no computador", que é muito utilizada pelos pais, está cada vez mais próxima de se tornar uma realidade. A geração de jovens que temos hoje são, graças a esses meios de comunicação, naturalmente mais aptos a um crescimento intelectual, enquanto os mais velhos devem se atualizar frequentemente para acompanhar o ritmo gradativo da sociedade que se encontram.

            Esse tem sido o caminho trilhado por nós, caminho esse que não tem mais volta, já que, "voltar" é, literalmente, por em risco todo o avanço intelectual que atingimos. Mas, por que voltar é tão arriscado? Ora, se temos em mãos ferramentas que nos permitem reduzir o tempo de cumprir certas atividades com o mesmo resultado ou até melhor, por que deixaríamos de usá-las? Por exemplo, anos atrás as câmeras fotográficas só utilizavam rolos de filmes, esses nos quais deveriam ser revelados; porém o processo demorava um longo período. Ao contrario, hoje temos câmeras fotográficas digitais, e o período que demoravam para obtermos a imagem capturada foi drasticamente reduzido, e essas fotos ainda podem ser devidamente "alteradas" de acordo com o gosto do fotografo pra qualquer que seja sua finalidade. No ritmo gradativo de avanços tecnológicos e intelectuais no qual estamos, cada nova expansão, ou atualização, cria, consequentemente, uma ou mais direções para uma nova atualização, e essa cria outra e assim sucessivamente. E essa velocidade de atualizações que vivemos tem seu tempo reduzido a cada vez que ocorre. E hoje alimentamos essa velocidade que se tornou, para nós, uma dependência. Precisamos estar nos aprimorando a todo o momento para estar socialmente e intelectualmente acompanhando as mudanças de nosso meio.

            Vivemos então essa Cibercultura, descrita por Pierre Lévy. Um sistema colossal de redes onde transitam todas as informações acumuladas ao longo do tempo, como se todo conhecimento fosse apenas um. Um momento em que toda e qualquer informação pode ser acessada por qualquer um que esteja disposto a isso e informações que, ao passar pra um conhecimento coletivo, possibilitam avanços em diversas áreas como saúde e tecnologia. Ora, a cura pra alguma doença que assola alguma região já pode ter sido descoberta por outra pessoa em outro lugar, essa informação pode cruzar o planeta em alguns segundos e salvar a vida de varias pessoas, assim como novos métodos de plantio mais eficientes, criados por grandes empresas no ramo da agricultura, podem ser, igualmente, divulgados e, assim, aumentar a produção de alimentos de uma fazenda familiar ou vice-versa. Porém, até o individuo sem intenção de absorver, de fato, um conhecimento acaba por fazê-lo inconscientemente, mas como? Ora, um jovem que navega pela internet pode ter contato com diversos tipos de idiomas simultaneamente e absorve-los sem ao menos ter noção disso. Ele pode não saber a tradução de termos como "On-line" ou "Chat", mas ele sabe o que é. Como dito anteriormente, os jovens já tem uma predisposição intelectual natural de lidar com esses avanços.

            Na educação, a utilização de recursos tecnológicos tem se mostrado cada vez mais evidente, alunos tem a sua disposição equipamentos e documentos audiovisuais que auxiliam na sua formação, como programas que simulam desde efeitos de fenômenos climáticos a uma cirurgia cardíaca nos mais delicados detalhes sem por uma pessoa, de fato, em risco. Isso contribui com profissionais especializados de alto nível para o mercado de trabalho, profissionais esses que, talvez, futuramente possam ser responsáveis por algum outro avanço que beneficie nossa sociedade.

Por Mário Fellipe Marques Maia, graduando em Filosofia pela UFRRJ e componente do grupo PIBID.

Ciberespaço – um novo espaço de sociabilidade, gerador de novas formas de relações sociais.

Temos como conceito básico de ciberespaço, na compreensão do escritor de ficção cientifica o norte-americano Willian Gibson, como o termo que designa “todo o conjunto de rede de computadores nas quais circulam todo tipo de informação, é o espaço não físico constituído pelas redes digitais”. Este termo criado então por Gibson foi utilizado pela primeira vez em 1984 em seu Romance Neuromancer[1].
            Com Pierre Lévy, temos a definição de Ciberespaço (que também o chama de rede) como sendo “o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo”.
            Assistimos através de tais definições e da dimensão na qual atualmente o ciberespaço vem atingindo, uma necessária adequação da sociedade, visando uma melhor sintonia com as chamadas “redes” a fim de estarmos atualizados, investigando e simultaneamente disseminando informação. Onde houver troca de conhecimento, haverá certamente maior mobilidade de informações, aproximando pessoas, explicitando questionamentos e abrindo espaço para um debate público e horizontal.
            A partir destas considerações, varias formas de entendimento sobre o que pensamos ser estas novas tecnologias são externadas. Por vezes de forma errônea e catastrófica, entendendo o ciberespaço como um lugar “não-real”, onde os indivíduos se hiper-individualizam em suas cavernas contemporâneas; e o “real” (relação/dialogo presencial) já não parece competir igualmente com a relação “virtual” obtida através de personagens criados a cada instante, onde a troca simultânea de informações e até mesmo a sua própria despersonalização lhe parece mais satisfatória, dizemos então que esta nova forma de sociabilidade é maléfica. Talvez, por julgarmos os fatos sem nos dedicarmos a estudá-los e daí então discursarmos equivocadamente.
            Lembrando o romance de Gibson (Neuromancer) onde o mesmo relata a história do protagonista Case que em meio a uma série de venturas e desventuras relaciona-se com outros humanos e com máquinas através da rede de computadores que compõem o Ciberespaço, vivendo uma realidade virtual, mas não por isso menos “real”. Pensamos através deste exemplo dizendo que este espaço de interconexão é muito mais que um meio de comunicação; se apresenta atualmente com um caráter muito ampliado, proporcionando aos indivíduos um palco de diferentes representações e práticas societárias. Mas como definir então o que é real e virtual, se salientarmos que estas redes telemáticas proporcionam relações de sociabilidade?
            Para Pierre Lévy “o virtual não se opõe ao real, mas sim o complementa e o transforma”. Sendo assim o virtual não seria o oposto do real, mas sim uma esfera singular da realidade, em que formas diferenciadas de interações sociais acontecem, transformando e ampliando a interação entre os mesmos. A partir desta troca entre os membros destas comunidades virtuais, teríamos não uma relação de superficialidade e ilusão, visto que o virtual não pode ser confundido ao ilusório, ao fantasioso, como é no entendimento de alguns. Pois desterritorializar-se[2] é também permitir o intercambio de conhecimentos, e longe, aqui, de um entendimento de perda de identidade, devemos entender o ciberespaço como um espaço dinâmico, que encurta as distancias possibilitando desenvolvimento e transformações numa dimensão socioeducativa, por exemplo.
            Logo, poderíamos pensar apocalipticamente o ciberespaço?
            O tom a cerca deste discurso ainda se faz confuso e divide opiniões. Porém é necessário que entendamos o que é o Ciberespaço, e qual sua função seja ela política, econômica ou cultural. Pois a prostração frente a estas mídias, sem que também nos questionemos sobre sua função social pode levar-nos a uma aceitação do “todo” sem a compreensão devida. Sabendo que o ciberespaço é conceituado como um instrumento globalizante, logo precisaremos distinguir as mensagens e não nos tornarmos discípulos de tendências dominantes.
            Destarte, a importância de salientarmos as transformações perceptíveis que vão se manifestando no comportamento dos indivíduos, e que esta mudança indique não apenas um conhecimento trivial sobre a importância destas novas mídias, mas que a mudança sugira intervenção dos mesmos com a coisa. Pois como diz Lévy, “o ciberespaço representa um estágio avançado de auto-organização social, ainda que em desenvolvimento - a inteligência coletiva -. O Ciberespaço aparece como um espaço do saber, em que o conhecimento é o fator determinante e a produção contínua de subjetividade é a principal atividade econômica.”.
            Contudo, este novo referencial de espaço, marcado por um tipo de sociabilidade própria, gerador de novas formas de relações sociais esta aí para que pensemos e possamos rever os valores humanos e tão logo percebamos a amplitude de transformações, estas conseqüentes de produções humanas. Por fim, fica uma reflexão a se fazer: a ausência de valores éticos e morais podem ser um dos grandes problemas a se pensar, como leitor, usuário do ciberespaço e indivíduo inserido num novo tempo e num novo espaço social.









[1] Livro de ficção científica que introduziu novos conceitos para a época. Onde trata de uma realidade que se constitui através da produção de um conjunto de tecnologias, enraizadas na sociedade, e que acaba por modificar estruturas e princípios desta e dos indivíduos que nela estão inseridos.
[2] Termo aqui utilizado no sentido de fluxo e de hibridismo cultural. Sem estarmos descartando o fato de as novas tecnologias moveis fomentarem também processos de reterritorializações. Visto que neste texto não levamos em conta a historicidade da palavra e evolução do seu conceito e contexto.

Por Patrícia Boeira - graduanda em Filosofia pela UFRRJ, e componente do grupo PIBID

Vanilla Sky e a dúvida cética

Sugestão de filme para trabalhar a dúvida cética.  

Título Original: Vanilla Sky 
Tempo: 137 
Ano de Lançamento: 2002 
Elenco: PENELOPE CRUZ , TOM CRUISE & KURT RUSSELL e CAMERON DIAZ 
Direção: CAMERON CROWE 
Recomendação: 12 anos


Engano, estar enganado implica em não saber que se está sendo enganado. E com isso, como poderemos nos assegurar de nossa realidade? E se tudo isso, que entendemos por realidade, for uma grande ilusão. Frente a esse argumento, ou jamais o saberemos, ou um dia, quem sebe, descobrimos a verdade – sem garantia de certeza. A dúvida cética é, entre outras coisas, um tanto curiosa. E para os que estão dando seus primeiros passos na filosofia – já que não é exigido tanto rigor – pode fazer parte de uma discussão muito atraente.
O filme “Vanilla Sky” é Baseado no roteiro "Abra Los Ojos", que deu origem ao filme espanhol "Preso na Escuridão", o filme foi gravado com algumas alterações, alterações essas, que favorecem a proposta de indicação a esse filme, pois o torna mai simples e direcionado ao que nos interessa. “Vanilla Sky” é sem dúvida uma boa ferramenta para trabalhar esse tema, pois nos atira nesse jogo de pensamento. A trama não segue uma linha cronológica convencional, e para alguns pode ser um pouco confuso. Mas ainda assim é muito pertinente. Cabe ao professor assistir, e avaliar se vale a pena bolar uma atividade. Só peço que não subestimem seus alunos, pois por subestimá-los os privamos de muitas oportunidades.


Sinopse

Jovem, bonito e rico, o poderoso editor David Aames pode ter tudo que seu coração deseja. Mesmo assim, sua vida encantada parece incompleta. Uma noite, ele conhece a mulher de seus sonhos e acredita que achou a peça que faltava. Porém, um fatal encontro com uma amante ciumenta põe o mundo de David fora de controle, deixando sequelas que acompanham toda trama do filme.


(Postado por Erick Costa)

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Mente Vazia...


Já diz o ditado popular: mente vazia, oficina do diabo. Mas, o que realmente isso quer dizer?
O quadro do pintor espanhol Goya intitulado “O sono da razão produz monstros” reflete muito bem esse pensamento. Quando não utilizamos nossa capacidade intelectual, estamos a mercê de monstros. Estes aparecem em forma de preconceito, de tabus, de credos sem fundamento.
A mente vazia, que muitas vezes é uma vítima da alienação, está sujeita a eterna submissão e interferência desses monstros. Dessa forma, nunca teremos nossos próprios pensamentos, nossas próprias idéias, estes sempre estarão carregados desses preconceitos, tabus. Ou seja, seremos eternamente pessoas alienadas, sem opinião própria e altamente influenciáveis.
A única forma de nos libertar dessa prisão de monstros é possuir uma mente bem informada, ocupa-la com algo que realmente irá valer a pena, desse jeito teremos capacidade de argumentar, saberemos discernir as informações que são relevantes das irrelevantes.

Esta é a interpretação de Sergio Paulo Rouanet sobre o quadro de Goya:

“A coruja tirânica que quer impor sua vontade ao artista é a razão narcísica do hiper-racionalismo. Os morcegos são as larvas e os fantasmas do irracionalismo. Dois animais deficitários, truncados. O morcego tem uma audição aguda, mas é cego. A coruja enxerga de noite, mas não de dia. Falta um terceiro animal na zoologia de Goya, mais completo. Não, não falta. Ele está no canto direito, enorme, olhando fixamente o espectador. É um gato. O gato ouve tudo e tem uma visão diurna e noturna. Sabe dormir e sabe estar acordado. E sabe relacionar-se com o Outro, sem arrogância, ao contrário do seu primo selvagem, o tigre, e sem servilismo, ao contrário do seu inimigo domestico, o cão. É a perfeita alegoria da razão dialógica, da razão que despertou do seu sonho, é atenta a todos os sons e todas as imagens, tanto do mundo de vigília como do mundo onírico, e conversa democraticamente com todas as figuras do Outro, sem insolência e sem humildade”.

ROUANET, Sergio Paulo. A Deusa Razão. In: NOVAES, Adauto (Org.) A Crise da Razão. São Paulo: Companhia das Letras; Brasília, DF: Ministério da Cultura; Rio de Janeiro: Fundação Nacional de Arte, 1996, pp. 298-299).



(Postado por Camila Oliveira)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Série: Breve Vida e Obra – Parte 2

Um novo vídeo dessa série do site café filosófico. Dessa vez com o filósofo Aristóteles.





(Postado por Camila Oliveira)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Série: Breve vida e obra


O blog Café Filosófico disponibiliza  uma série de curtas em animação, da vida e obra de alguns filósofos. Para os alunos que gostam de filosofia e animação, e os professores que pretendem deixar suas aulas um pouco mais interativas está ai a dica.

Confira!


Café filosófico - série vida e obra



(Postado por Erick Costa)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Entrevista com Viviane Mosé

‘Para viver da filosofia, é necessário talento e paixão’, diz filósofa
Viviane Mosé cursou psicologia, mas se encontrou na filosofia.
Ela conta as possibilidades da carreira que exige muita leitura e dedicação.

Fonte: Site G1

Ela arriscou, trocou a carreira de psicanalista pela filosofia e hoje vive só de seus cursos, palestras, consultorias. Viviane Mosé, 43, diz que para viver da filosofia é necessário talento e paixão e dá dicas a quem pretende fazer o curso: “Se você não sabe se ama, teste primeiro. Se sentir que aquilo te fortalece, você vai ser um bom professor”.

No programa "Fantástico", da Rede Globo, Viviane apresentou a série “Ser ou não ser”, que levava a filosofia ao cotidiano. E hoje, a filósofa, poeta e psicóloga é chamada para as mais diferentes tarefas: desde palestras a atores da novela “Paraíso Tropical” até consultorias para executivos. Lei a entrevista.


G1 – Por que a senhora decidiu fazer filosofia?
Viviane Mosé -
Não fiz a graduação em filosofia. Fiz psicologia, e escolhi quando tinha 16 anos. Queria alguma coisa que fosse vinculada com o pensamento, que tivesse de ler mais do que qualquer outra coisa. Em Vitória, de onde vim, não tinha filosofia. E eu mal sabia o que eram os cursos. Fui meio na intuição. Mas, no primeiro dia de aula, tive a matéria de introdução à filosofia. Marcou: era aquilo que eu queria.

G1 – E fez toda a faculdade?
Viviane –
Fiz, mas fui monitora durante os cinco anos da disciplina de filosofia. Foi paixão imediata pelo pensamento, elaboração, pelo conceito. Daí, vim para o Rio e fiz mestrado e doutorado.

G1 – O que a senhora decidiu estudar na pós-graduação?
Viviane -
Já saí do curso de psicologia, com a intenção de estudar Nietzsche. No primeiro dia de aula na Federal do Espírito Santo (Ufes), estudei o existencialismo, que tem filósofos que trazem mais a questão da vida, da morte, da falta de sentido das coisas. E saí com essa idéia para o mestrado e o doutorado. Nunca imaginei que fosse dar aula de filosofia. Estudava pelo gosto. Virei psicanalista e já tinha meu sustento daí. 

G1 – Como foi que largou a psicanálise?
Viviane –
Para mim, só estudar filosofia já me deixava feliz. Aquilo me salvou das minhas angústias; foi maravilhoso. Quando comecei, fui dar aula de filosofia para atores. Já era poeta e tinha um reconhecimento. Fizemos o primeiro grupo de aulas e a gente fazia por prazer. Depois foi abrindo mais turmas.

G1 – Como foi fazer a série na TV? E depois, mudou muito sua vida?
Viviane -
O que eu mais pegava era uma coisa poética. Se a Dona Maria não entendia claramente o que estava sendo dito, ficava alguma coisa, ficava no afeto dela. Tentava atingir a inteligência racional e a emocional. Mas depois que fiz a série até diminuiu o número de alunos. Acho que muitos pensaram que eu cobrava caro [risos]. Hoje faço mais palestras, viajo.

G1 – Que tipo de palestra a senhora faz?
Viviane -
Em todas as áreas, comercial, novela. A última foi em “Paraíso Tropical”. Falei sobre o erotismo, Copacabana, sobre o que é o erotismo na vida da pessoa. Semana passada fiz para o encontro anual da área de esporte da TV Globo. Falei sobre o novo ser humano, sobre quem é nosso telespectador, sobre a importância do esporte no momento em que a gente vive.

G1 – Qual o perfil que deve ter quem vai cursar a graduação? Por que fazer filosofia?
Viviane –
Quando vim para o Rio, meu orientador me perguntou por que eu estava cursando. E eu respondi que era porque eu “precisava”. Filosofia não é um curso que se faz porque acha bonito. Para viver dela, a filosofia é como a pedagogia: é talento, é vontade. É uma carreira solitária, porque tem de ler muito. Exige um rigor muito grande de leitura. Se você não ama, como vai refletir, desdobrar? Você tem de observar a situação e ver o que ela carrega de sentido. É árido, é difícil. Não acho que exista uma dificuldade intelectual, mas difícil é ter disponibilidade afetiva para ficar muito tempo estudando. Meus amigos não entendiam que eu passava o fim de semana estudando. Mas se você não sabe se ama, teste primeiro. Se sentir que aquilo te fortalece, você vai ser um bom professor.

G1 – Não é muito difícil escolher filosofia aos 16, 17 anos de idade?
Viviane –
Até é possível, porque muitas pessoas muito cedo já percebem que esse é o caminho delas. Mas isso é mais exceção. Se a pessoa já teve aulas no segundo grau, até pode se encaminhar para o curso. É muito comum fazer outro curso e ir para filosofia.

G1 – Como é o mercado para quem cursa filosofia?
Viviane -
Hoje a filosofia está indo para ambientes diferentes, mas é necessário talento. Muitos podem contratar alguém que desenvolveu capacidade de analisar situações. Quando o mercado era mais determinado, não era assim. Mas no mercado financeiro, nas tecnologias e na relação com a moral, não se sabe mais o que é o dia de amanhã. Nessa instabilidade, quem pode questionar, pensar, avaliar situações de risco é o filósofo.

G1 – Onde estão esses empregos?
Viviane -
A maior parte é em empresas. Mas precisa ser alguém que não aprenda os textos e saiba apenas dar aula. Tem de ir além. Precisa ser alguém que possa ajudar executivos a desenvolver a reflexão e a crítica.




(Postado por Michel Franco)

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011


            Uma demasiada velocidade na transformação dos saberes permite constatar pela primeira vez na história da humanidade que uma grande parte de conhecimentos adquiridos durante sua carreira irá cair em desuso, será antiquado por conta dessa mutação constante do know-how. Pierre Lévy argumenta sobre uma nova natureza de trabalho que se resume na transição de saberes, produzir conhecimentos e que de outra forma podemos entender que trabalhar consiste em aprender cada vez mais. Dentre toda essa aplicação da cybercultra em nosso mundo contemporâneo observamos tecnologias intelectuais que amplificam a função cognitiva humana, como é demonstrado no artigo de Lévy: a memória (bancos de dados, hipertextos, fichários digitais) a imaginação (simulações), a percepção (sensores digitais, tele presença, realidades virtuais, os raciocínios (inteligência artificial, modelização de fenômenos complexos).

         Dentre esses itens demonstrados, o que percebo também como mais enfático de todo esse desenvolvimento da cybercultura é uma mera analogia com nossas capacidades cognitivas, entretanto, mais amplificadas e aperfeiçoadas. Graças a essas tecnologias, a aproximação do conhecimento se torna muito mais acessível que outrora, tendo em vista que não é mais necessária uma dedução lógica, ou uma inferência para obter-se conhecimento. Uma verdadeira fábrica de saberes industrializados, com permissão da metáfora aludindo a uma produção de conhecimentos industriais de fácil acesso. O que também não deixam de ser conhecimento no sentido epistemológico. 

          Segundo as palavras de Lévy e com a minha observação podemos examinar uma modificação do saber que outrora poderia ser denominado como abstrato transcendental e agora está se tornando cada vez mais palpável, tangível a todos; podendo ser expresso por uma população. Através das páginas da WEB podem ser expressos, articulados os conhecimentos adquiridos via ciberespaço. Sendo assim suas páginas digitais análogas às páginas de papéis no sentido de divulgar o saber.
Com efeito, toda essa comunicação virtual estabelecida pelas vias da Web, a criação de redes sócias com cada vez mais entretenimento de uma maneira mais grosseira a viciar os “viajantes da rede” (expressão minha) está em minha opinião ao contrário da levantada por Pierre Lévy afastando uns dos outros, tornando-se essas imensas redes sociais um mundo no qual não parece existir vida além dele. Contudo, não podemos de maneira alguma sustentar um argumento visando somente um lado extremo da situação. A facilidade que obtemos na comunicação, no processo de divulgação de reuniões, na organização de colóquios é exuberante. Agora nos comunicamos com quem está do outro lado do mundo sem sair do nosso próprio quarto. Ou se quisermos podemos até acessar a internet em qualquer lugar do mundo através da ferramenta da internet 3G e obter todas as informações locais e exteriores com apenas alguns movimentos delicados dos dedos. De certa forma o que chamamos de “passar o tempo todo em frente ao computador” soa mais pejorativo do que “passar horas em frente ao livro numa leitura inebriante” visto que, o contato com o discurso direto de um livro, todo o universo que está contido naquelas folhas de papel nos transmite conhecimento e experiências mais imediatas e acredito ser mais reais.
Por conseguinte, os sistemas de educação estão sofrendo hoje em dia com as novas obrigações de acordo com a quantidade, a velocidade e a diversidade que se encontra a evolução do saber. Em questões quantitativas nunca foi tão grande a procura por formação. Para isso pensamos em diversas formas de divulgar o saber para os alunos, mas não pensamos também que toda essa forma de aprendizado virtual requer custos e custos altos e não são todos os países que possuem uma economia rentável para absorver esse novo modelo de educação. Sendo assim como ficariam os países pobres da África, alguns países da América do Sul? Enfim, esse não é o tópico de discussão, mas sim uma reflexão posterior às leituras.
Com toda diversidade e facilidade de se obter formação e conhecimento, devemos entre todos esses adquirir uma forma em que se encaixe nas escolas, de entreter os alunos como se estivessem em seus mundos virtuais quando estão “logados” em suas redes sócias. Por exemplo, as aulas multimídias, audiovisuais que fornecem todo um aparato para cobrir as necessidades que tem o “aluno”.  

 Por Thiago Barros, graduando em Filosofia pela UFRRJ. Projeto "PIBID", 2010.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

E pra você, o que é Filosofia?


De Noel Rosa, interpretada por Paulinho da Viola. "Filosofia"!

O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia




segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A Política Aristotélica

               Aristóteles escreveu dois grandes trabalhos sobre a ciência política: "Política" (Politéia) que provavelmente eram lições dadas no Liceo e registradas por seus alunos, e a "Constituição de Atenas", obra que só se tornou mais conhecida, ainda que em fragmentos, no final do século XIX, mais precisamente em 1880-1, quando foi encontrada no Egito; registra as várias formas e alterações constitucionais que ela passou por obra dos seus grandes legisladores, tais como Drácon, Sólon, Pisístrato, Clístenes e Péricles e que também pode ser lida como uma história política da cidade.
                A "Política" (Politéia) divide-se em oito livros, que tratam: da estrutura da cidade, da escravidão, da família, das riquezas.E também idealiza qual é o modo de vida mais desejável para as cidades e os indivíduos. Conclui a obra com a finalidade da educação e a importância dos assuntos a serem lecionados.
                "O homem, quando perfeito, é o melhor dos animais, mas é também o pior de todos quando afastado da lei e da justiça, pois a injustiça é mais perniciosa quando armada, e o homem nasce dotado de armas para serem bem usadas pela inteligência e pelo talento, mas podem sê-lo em sentido inteiramente oposto. Logo, quando destituído de qualidades morais, o homem é o mais impiedoso e selvagem dos animais, e o pior em relação ao sexo e à gula"
Aristóteles - "Política", 1252 b
                A política aristotélica é fundamentalmente ligada à moral, porque o fim último do estado é a virtude, que tem como objetivo a formação moral dos cidadãos. O estado é um organização moral, condição e complemento da atividade moral individual, e fundamento primeiro da suprema atividade contemplativa. A política, entretanto, é diferente da moral, por esta ter como objetivo o indivíduo, aquela a coletividade. A ética é a doutrina moral individual, a política é a doutrina moral social. A finalidade da política seria a de descobrir a maneira de viver que leva à felicidade humana.
                O bem comum seria superior aos bem individuais. Seria através do estado que o individuo conseguiria a satisfação de todas as suas necessiadades, já que o homem, sendo naturalmente animal social, não pode ser perfeito sem a comunidade.
                Quanto à forma do estado, Aristóteles aponta três principais: a monarquia, que é o governo de um individuo, cujo caráter e valor estão na unidade, e sua degeneração é a tirania; a aristocracia, que é o governo de poucos individuos, cujo caráter e valor estão na qualidade, e sua degeneração é a oligarquia; a democracia, que é o governo de muitos individuos, cujo caráter e valor estão na liberdade, e sua degeneração é a demagogia. Aristóteles prefere uma república democrático-intelectual que é a forma clássica do governo da Grécia.


O link para baixar o livro A Política de Aristóteles:
http://www.megaupload.com/?d=BQI95YOU



(Postado por Sulamita Vicente)

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