quinta-feira, 5 de maio de 2011

Escolha do livro didático (PNLD 2012)

Considerações acerca da escolha do livro didático (PNLD 2012)


O Plano nacional do livro didático nos fornece pela primeira vez (PNLD 2012) o guia para filosofia. O grupo de bolsistas – na qual faço parte - que está atuando no colégio CTUR recebeu o encargo de auxiliar a coordenadora do PIBID-Filosofia no colégio, prof. Adriana, na escolha do livro. Além disso, foi sugerido que fizéssemos resenhas dos livros a serem avaliados. Mas antes de qualquer coisa é preciso que sejam feitas algumas considerações.
Precisamos abandonar alguns preconceitos acerca do ensino de filosofia. Pois qualquer livro didático a ser escolhido deve evitá-los.
[1] Devemos deixar de lado a ideia de que a filosofia é abstrata e difícil, e por isso é mais viável que, no ensino médio, sejam feitas discussões genéricas sobre seus temas. Ora, essa visão subestima os alunos, e deixa de fora um conteúdo que eles não podem deixar de ter conhecimento. Eu, como aluno de filosofia, talvez jamais faça uso do que aprendi sobre biologia na escola – o que acho difícil –, mas se essa matéria não me fosse oferecida estariam me privando de conhecer essa disciplina, de me profissionalizar nessa área e até mesmo gostar e ter o simples prazer de estudá-la.
[2] Outro ponto a ser criticado é de que a filosofia forma cidadãos. O papel de formar cidadãos deve ser atribuído a educação e não a filosofia. A filosofia tem antes o papel de estimulo a reflexão, e pelo menos em sala de aula, a base dessa reflexão deve ser as diversas visões de mundo dos principais autores. Discussões genéricas e referentes ao cotidiano são importantes, mas devem ficar em segundo plano. Todas as disciplinas tem o papel de formar cidadãos, e portanto esse papel para filosofia é apenas parcial.
[3] Devemos abandonar o preconceito de que a filosofia não pode ser considerada um conhecimento especifico, e que qualquer discussão e pensamento já é filosófico. Bom, esse terceiro, acredito ser uma marca deixada pelo segundo, e pela baixa incidência de professores formados na disciplina lecionando. Como vinha dizendo, o principal conteúdo a ser aplicado são as ideias dos principais autores. É claro que é importante ter um propósito, mas é preciso tomar cuidado para que isso não descambe para algo puramente ideológico.
O PNLD 2012 toma como critério de base a história da filosofia, critério esse que distorce a proposta da disciplina, além de possuir um formato que não é viável para se trabalhar no ensino médio. Situar o aluno historicamente é importante, mas deve ficar em segundo plano. O que é importante, e mais viável, é que haja uma discussão dentro dos principais temas da filosofia, e que os alunos fiquem cientes das posições dos principais autores dentro desses temas. Livros de história da filosofia são mais interessantes como um adicional para pesquisas, e devem ficar na biblioteca.
Para tornar claro o perfil de material que acho mais interessante, e servir de critério para avaliação do livro, desenvolvi algumas questões:
  • O livro trata de forma simples e compreensível os temas filosóficos deixando clara a complexidade dos mesmos?
  • Expõe não só as ideias dos principais autores, mas também os motivos para que defendam tais ideias?
  • Expõe trechos das obras desses autores, fazendo os devidos esclarecimentos?
  • O livro consegue transmitir a importância da disciplina?
  • O vocabulário utilizado é acessível aos alunos?
  • O autor procura ser didático, mas sem subestimar os alunos?
  • O autor procura sempre que possível e viável trabalhar de forma argumentativa?

Essas questões são muito importantes para o que venho defendendo, mas também vale ressaltar, que o professor deve antes se questionar sobre a forma com que ele vai utilizar esse material. O perfil do livro também dependerá de como o professor faz uso dele, se o professor auxilia pouco ou muito nessa leitura, se as leituras são feitas em casa ou em sala de aula e etc. A escolha de um bom livro é muito importante para a valorização do ensino de filosofia.

OBS. Todas as questões aqui levantadas fazem parte de um ponto de vista particular, e portanto estão sujeitas a crítica.


(Postado por Erick Costa)

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