Isis Tomas da Silva
Vida e Obra
Schopenhauer, conhecido como o filosofo do pessimismo, nasceu em Dantzig, no dia 22 de fevereiro de 1788.
Em 1793, com a anexação de Dantzig à Polônia, sua
família mudou-se para Hamburgo, onde em 1805 seu pai veio a cometer suicídio.
Com a morte do patriarca da família, Schopenhauer e
sua mãe mudaram-se para Weimar, porém o convívio entre os dois era insustentável, piorando ainda mais quando
Goethe, um escritor e amigo da família veio a dizer a madame Schopenhauer que o filho se tornaria
um homem muito famoso, acarretando uma briga mais séria onde sua mãe veio a
empurra-lo escada abaixo, sendo que diante daquilo Schopenhauer cheio de
amargor informou-a que a posteridade a conheceria somente através dele.
Schopenhauer deixou Weimar pouco depois e apesar de sua mãe ter vivido mais vinte e quatro anos, ele nunca mais a viu.
Schopenhauer deixou Weimar pouco depois e apesar de sua mãe ter vivido mais vinte e quatro anos, ele nunca mais a viu.
Enquanto isso, Schopenhauer passara pelo ginásio e
pela universidade e aprendera mais do que o oferecido pelos currículos. Saiu de
lá com uma infecção venérea que afetou seu caráter e sua filosofia. Tornou-se
sombrio, cínico e desconfiado, era obcecado por temores e visões sinistras, mantinha
os cachimbos trancados a cadeado, nunca entregou o pescoço à navalha de um
barbeiro, dormia com pistolas carregadas ao lado da cama e não suportava
barulho, ele escreve que a quantidade de ruído que alguém pode suportar sem se
perturbar está na proporção inversa de sua capacidade mental e intelectual.
Ele
possuía um sentido quase que paranóico de grandeza não reconhecida, não
alcançando a fama e o sucesso, voltou-se para dentro de si mesmo e roia sua
própria alma.
Não
tinha mãe, nem esposa, nem filhos, nem país. “Estava inteiramente sozinho, sem
um único amigo.”
Já em 1813 ficou tão dominado pela influência do entusiasmo
de Fichte por uma guerra de liberação contra Napoleão, mas ao invés de partir para a guerra foi para o campo e
escreveu uma tese de doutorado de Filosofia.
Após essa dissertação sobre A quádrupla razão do
princípio de razão suficiente (1813),
Schopenhauer
dedicou todo seu tempo e devotou todas suas forças ao livro que seria sua
obra-prima — O Mundo Como Vontade e Representação. Enviou o manuscrito ao
editor com os maiores elogios, ali, dizia ele, não estava uma simples
reformulação de idéias velhas, mas sim uma altamente coerente estrutura de
pensamento original, "claramente inteligível, vigorosa e não sem
beleza"; um livro "que dali em diante seria a fonte e motivo para uma
centena de outros livros”. Muitos anos depois Schopenhauer estava tão certo de
ter dado solução aos problemas principais da Filosofia que pensou em mandar cinzelar
em seu anel de sinete uma imagem da Esfinge atirando-se ao abismo como
prometera fazer quando seus enigmas fossem solucionados. No entanto, o livro
quase não atraiu atenção; o mundo estava pobre e exausto demais para ler o que
se dizia sobre sua pobreza e exaustão. Dezesseis anos após sua publicação,
Schopenhauer foi informado de que a maior parte da edição fora vendida como
papel velho. Schopenhauer colocou-se tão completamente neste livro que suas
obras posteriores não são senão comentários do mesmo; Em 1836 publicou um
ensaio, Da Vontade na Natureza, que até certo ponto foi incorporado à edição
aumentada de O Mundo Como Vontade e Representação que surgiu em 1844.
Em 1841 veio o trabalho Os Dois Problemas Básicos da
Ética e em 1851 apareceram dois substanciais volumes Parerga et Paralipomena —
literalmente "Acessórios e Remanescentes" .Por esse último, que é a
sua obra de mais fácil leitura e que é repleta de sabedoria e espírito,
Schopenhauer recebeu, como remuneração total, dez exemplares grátis.
Ele tinha a esperança de ter uma oportunidade de
apresentar sua filosofia em uma das grandes universidades da Alemanha, essa
oportunidade apareceu em 1822, quando foi convidado a ir para Berlim como
docente (privat-docent).
Ele de propósito escolheu para suas conferências as
horas exatas em que o então Hegel dava suas aulas. Schopenhauer confiava em que
os estudantes encarariam a ele e a Hegel com os olhos da posteridade. Mas os
estudantes não podiam se antecipar tanto e Schopenhauer viu-se falando diante de
cadeiras vazias.
Em 1831 espalhou-se em Berlim uma epidemia de cólera
com isso schopenhauer fugiu para Frankfurt, onde passou o restante de seus
setenta e dois anos.
Apresentação do Mundo como vontade e como representação:
O mundo como vontade e como representação encontra-se
dividido em quatro livros.
No Livro I, Shopenhauer trabalha com as questões da
teoria do conhecimento, para tal, apresenta um primeiro ponto de vista: a
representação submetida ao princípio da razão suficiente (tempo, espaço,
causalidade. No Livro II, o mundo, para ele, é tomado como vontade. Neste
livro, investiga-se a objetivação da vontade por meio da construção de uma
metafísica da natureza. No Livro III, o mundo é retomado como representação,
mas agora sob um "segundo ponto de vista" independente do princípio
de razão ( tempo, espaço, causalidade), trata-se da idéia platônica, do objeto
da arte, por meio da construção de uma metafísica do belo.
no Livro IV, o mundo é retomado como vontade, também a partir de um "segundo ponto de vista" que abandona o "princípio de razão". Nesse livro, investiga-se a prática de vida por meio da construção de uma metafísica da ética.
no Livro IV, o mundo é retomado como vontade, também a partir de um "segundo ponto de vista" que abandona o "princípio de razão". Nesse livro, investiga-se a prática de vida por meio da construção de uma metafísica da ética.
Trecho do texto de Schopenhauer
“O mundo
é a minha representação – Esta proposição é uma verdade para todo o ser vivo e
pensante, embora só no homem chegue a transformar-se em conhecimento abstrato e
refletido. A partir do momento em que é capaz de levá-lo a este estado, pode
dizer-se que nasceu nele o espírito filosófico. Possui então a inteira certeza
de não conhecer nem um sol nem uma terra, mas apenas olhos que vêem este sol,
mãos que tocam esta terra; em uma palavra, ele sabe que o mundo que o cerca
existe apenas como representação, na sua relação com um ser que percebe, que é
o próprio homem. Se existe uma verdade que se possa afirmar a priori é esta,
pois ela exprime o modo de toda a experiência possível e imaginável, conceito
muito mais geral que os de tempo, espaço
e causalidade que o implicam. Com efeito, cada um destes conceitos, nos quais
reconhecemos formas diversas do principio da razão, apenas é aplicável a uma
ordem determinada de representações; a distinção entre sujeito e objeto é, pelo
contrário, o modo comum a todas, o único sob o qual se pode conceber uma
representação qualquer, abstrata ou intuitiva, racional ou empírica. Nenhuma
verdade é portanto mais certa, mais absoluta, mais evidente do que esta: tudo o
que existe, existe para o pensamento, isto é, o universo inteiro apenas é
objeto em relação a um sujeito, percepção apenas, em relação a um espírito que
percebe. Em uma palavra, é pura representação. Esta lei aplica-se naturalmente
a todo o presente, a todo o passado e a todo o futuro, àquilo que está longe,
tal como aquilo que está perto de nós, visto que ela é verdadeira para o
próprio tempo e o próprio espaço, graças aos quais as representações
particulares se distinguem uma das outras.
Tudo que o mundo encerra ou pode encerrar está nessa dependência necessária
perante o sujeito, e apenas existe para o sujeito. O mundo é portanto representação.”
Interpretação do texto de Schopenhauer
Tudo o que pensamos é uma representação do mundo, mas qual o significado íntimo de tais representações, qual a essência de tudo que vemos?
O mundo segundo Schopenhauer está dividido em duas esferas,
tal qual uma é a representação e a outra a vontade, o mundo como representação
está ligado ao mundo como vontade, essa
vontade seria um tipo de sentimento, uma essência do mundo existente em todos
os seres, independentemente de serem eles possuidores ou não das
faculdades cognitivas, esse mundo representativo é o mundo visível e submetido ao espaço, ao tempo e a causalidade é um outro ponto de
vista para o mundo como vontade, contudo, são dois pontos de vista, duas
perspectivas distintas de acesso ao mesmo mundo, absolutamente imanente. Já a representação, neste caso, se
daria através da forma como um sujeito percebe o mundo, ela seria a expressão
racional da vontade, de modo que a existência desse mundo seria inadmissível
sem que houvesse esse sujeito que o percebesse, assim sendo, tudo o que existe,
existe apenas para o sujeito, nosso próprio corpo enquanto percebido por outros
sujeitos, passa a ser objeto, e dele se abstrai uma representação. Essa
estrutura da representação é universal - visto que as condições que nos
permitem representar estão presentes no cérebro. O que pode ser individual são
os conteúdos intuitivos, bem como nossa reação volitiva as tais representações,
pois nosso caráter é individual e único.
Segundo Schopenhauer, em vez de a razão puramente definir o homem e
"apresentar todas as respostas do mundo", são o corpo e a vontade que
permitem alcançar e dizer o sentido das coisas, isso se daria porque, para ele,
a obtenção do conhecimento iria além da razão, principalmente por ter valorizado
um componente novo nas discussões filosóficas: a noção de corpo, ou seja, o
sentido das coisas se daria por meio das possibilidades volitivas de cada
agente. Com isso ele acredita que a base da formação do nosso
conhecimento racional não é racional, já que começa com as sensações corporais.
Assim, em vez da racionalidade, agir de forma independente e única, ela torna
dependente dos dados corporais.
Portanto, há dois pontos de vista para observar o mundo, sendo as duas perspectivas do sujeito, uma seria representativa e intelectiva, e a outra a partir da vontade.
Portanto, há dois pontos de vista para observar o mundo, sendo as duas perspectivas do sujeito, uma seria representativa e intelectiva, e a outra a partir da vontade.
Por fim, cada ser humano
tem sentimento próprio, não existe sentimento ou saber abstrato que sirva de
base para todos os outros sentimentos. Porem existe dois tipos de
representação as abstratas e as intuitivas, as abstratas são relacionadas à
razão, são concepções, é o que é extraído da experiência do concreto para ser
transformado em conceito.
Já as representações intuitivas são aquelas que ocorrem no
entendimento, as intelecções, ou
seja, antes de demonstrar a essência de algo é necessário sentir, logo, há
prioridade do intuitivo sobre o abstrato. O papel da representação nessa
relação é que ela transporta a vida para o conceito, por ela é que as
representações passam de intuitivas para abstratas.
1. Segundo a concepção de representação para Schopenhauer, seria possível duas pessoas distintas enxergar o mundo de uma mesma maneira? Por que?
2. Qual a relação entre sentir e pensar para Schopenhauer?
3. Por que a obtenção do conhecimento iria além da razão?
Proposta de atividade
A
atividade que será proposta a seguir tem como objetivo expor diferentes
percepções a partir de um mesmo objeto como verificado no conceito de
representações em Schopenhauer.
- Observar a imagem apresentada;
- Destacar e justificar o que mais lhe chamou a
atenção;
Debater com a turma, de
acordo com o que foi lido, como se deu o processo de percepção.
Dica de filme
Dica de filme
A vida é bela (La
vita é bella de Roberto Benigni, 1998)
Nesta obra pode ser analisadas as idéias de otimismo, ilusão
e representação para o querer-viver perpassadas pelo filme à luz da idéia de
Schopenhauer sobre a Vontade como a verdadeira essência do mundo.
Bibliografia:
SCHOPENHAUER, Arthur. As dores do mundo.
Chevitarese, L, Capítulo 1: O "pensamento único" da Metafísica da
Bibliografia:
SCHOPENHAUER, Arthur. As dores do mundo.
Chevitarese, L, Capítulo 1: O "pensamento único" da Metafísica da
Vontade: as questões da ética
e da liberdade.
SCHOPENHAUER, Arthur. O Mundo Como Vontade e Representação. Rio de Janeiro: Contraponto, 2001
SCHOPENHAUER, Arthur. O Mundo Como Vontade e Representação. Rio de Janeiro: Contraponto, 2001
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