terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Dica de Filme - Dogville

Título original: (Dogville)
Lançamento: 2003 (França)
Direção: Lars Von Trier
Atores: Nicole Kidman, Harriet Andersson, Lauren Bacall, Jean-Marc Barr.
Duração: 177 min
Gênero: Drama








Aqui vai uma dica de filme que acredito ser um daqueles que todos deveriam assistir ao menos uma vez na vida. Devo confessar que dentre todos os filmes que pretendo sugerir, este não poderia deixar de ser o primeiro, pois é o meu preferido!

Existem vários motivos para que eu tivesse elegido o mesmo como predileto, mas dentre eles, existe um principal que posso citar: o engajamento social.

De um modo geral o filme trata da dinâmica entre as relações sociais e denúncias sobre os problemas que estas podem acarretar, tendo como personagem principal no desenvolvimento da trama a jovem Grace, interpretada por Nicole Kidman, que acaba por encontrar na vila um refúgio, após declarar ser fugitiva de perigosos gângsters. A partir daí, em um primeiro momento, os habitantes demonstram sua hospitalidade, mas, ao passar do tempo, percebendo que a jovem vai ficando, cada vez mais, encarcerada, em consideração à impossibilidade de sair da vila pelo receio de ser encontrada pelos homens dos quais é fugitiva, os moradores do vilarejo começam a explorar a moça (de todas as formas que possam lhe passar pela cabeça), deixando transparecer todo o lado sombrio e doentio contido nos seres humanos.

A genialidade se manifesta de várias maneiras, a começar pelo cenário, que se limita a um galpão com linhas desenhadas no chão (isso mesmo! nada de paredes, ou portas, apenas alguns objetos), delimitando os espaços entre as residências e as ruas, deixando transparecer uma forte influência teatral minimalista, onde volta-se total atenção para a atuação e os personagens, conferindo aos mesmos uma carga muito maior, já que o pouco (ou quase nenhum) cenário acaba por ficar em segundo plano. Desta maneira, o diretor consegue voltar a atenção do espectador para o que realmente importa, o comportamento, as relações sociais, a desumanidade humana.

Além disso, existem vários elementos que criticam, em especial, a moral estadunidense (embora possamos identificar tais elementos em qualquer ser humanos, de qualquer nacionalidade), elementos filosóficos, como questões de altruísmo (ou sua falta) e conflitos entre éticas pessoais e regras morais sociais, que se reforçam com o conjunto de exigências cada vez maiores dos habitantes e da permissividade de Grace, que acredita ser necessária a submissão em virtude de sua condição.


Fato é que, se desejasse enaltecer todos os pontos importantes do filme, além de fazer comparações e referências das mais diversas, esse post ficaria tão extenso que, talvez, seria até mesmo desnecessário assistir o filme. E só assistindo mesmo é possível compreender, em essência a densidade do filme e as milhares de discussões que o mesmo suscita. Experimente assistir com a companhia de 2 ou 3 amigos e você perceberá que mudar de assunto será muito difícil por um longo período de tempo (horas, talvez!).

Gostaria de terminar esta postagem, primeiramente fazendo um aviso: O filme é daqueles que secam a garganta, recheado de cenas amargas, dentre elas uma cena fortíssima de estupro. Não encontrei classificação para o filme, mas acredito que 16 anos seria uma boa idade mínima.

E, por fim, lembrar que estamos a todo tempo rodeados por pessoas expondo aquilo que elas têm de melhor, mas também de pior. Quantas vezes já nos sentimos injustiçados em nossa família, comunidade, trabalho, escola, faculdade, etc? Por isto gostaria de reproduzir um pequeno trecho sobre o filme citado na Wikipédia:

"Dogville é a antítese do bom selvagem de Rousseau. Sequer os bebês são sem pecado, apenas talvez o cão, que esse nada fez contrariando sua natureza animal e permanece o filme todo "preso" em sua corrente.
Nos Estados Unidos muitos espectadores sentiram-se ofendidos, acusando Lars von Trier de antiamericano. O fato de ele jamais ter visitado os Estados Unidos e de fotografias do período da depressão e de pessoas miseráveis estadunidenses serem usadas durante os créditos finais, ao som da música Young Americans de David Bowie, não depuseram a seu favor.
Mas Dogville poderia ser uma cidade em qualquer lugar, em qualquer época."

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